Um título que conquista somente os novatos em O Senhor dos Anéis.
Vindo diretamente da Pandemic Studios, The Lord of the Rings: Conquest era um título que todos estavam aguardando com bastante ansiedade. Seguindo a fórmula de sucesso da série Star Wars: Battlefront, os desenvolvedores tentaram aplicar o mesmo esquema de jogo para O Senhor dos Anéis. Bem, apenas "tentaram".
Conquest, infelizmente, não cativa os jogadores da mesma maneira que a franquia Battlefront. Quem realmente conhece a história de J.R.R. Tolkien, os longas-metragens de Peter Jackson e algumas adaptações interessantes realizadas no mundo dos videogames (como The Battle for Middle-earth) pode se decepcionar facilmente com a superficialidade de Conquest.
Encarado por muitos como um jogo "inacabado"
Como Jack, o Estripador, "vamos por partes". Primeiro, o modo singleplayer. Antes de tudo, há um modo de treinamento para todos aqueles que nunca experimentaram games de ação em perspectiva de terceira pessoa. Em outras palavras, uma completa perda de tempo.
O treinamento, mesmo curto, é bem completo. Bem, completo até demais. O jogo faz questão que o gamer entenda cada combinação de golpes, cada botão e cada classe com cenas sem o menor sentido. Por exemplo: testar o arqueiro atirando em inimigos convenientemente posicionados em uma pequena plataforma de pedra. Para os experientes e para aqueles que têm uma intuição mais aguçada, isso é extremamente maçante.Conquest apresenta duas campanhas principais: as forças do Bem e as forças do Mal. Isso é estranho, pois não há nenhuma subdivisão específica de grupos, como muitos gamers aguardavam. Há apenas o Bem e o Mal, e isso colabora ainda mais intensamente com a fraca abordagem do game.
Cada campanha possui oito níveis diferentes, sendo que a campanha do Bem deve ser completada para que o gamer possa experimentar as forças de Sauron. Tanto em uma quanto na outra, há a possibilidade de escolher uma das quatro classes disponíveis (guerreiro, arqueiro, "batedor" — Scout — ou mago).
Vale lembrar que cada classe possui habilidades específicas. O guerreiro é um forte combatente corpo-a-corpo e é capaz de realizar combinações incríveis de golpes. O arqueiro possui três tipos de tiro (tiro multiplicado, veneno e fogo) e é eficiente a longas distâncias. Já o "batedor" — uma espécie de assassino discreto — pode se camuflar e desferir golpes mortíferos. Enquanto isso, o mago (extremamente poderoso, diga-se de passagem) pode curar aliados e causar o caos com magias simplesmente devastadoras.
A mesma fórmula com diferenciais insignificantes
É claro que, seguindo a mesma estrutura de Battlefront, o jogo da Pandemic deveria oferecer aos jogadores a possibilidade de controlar os próprios heróis de O Senhor dos Anéis. E oferece. De vez em quando, há a chance de combater com Aragorn, Gandalf, Legolas e outros personagens de peso, mas, perecendo uma vez em batalha, o gamer deve voltar a lutar com uma das classes tradicionais.Também é possível utilizar montarias, como Ents, Trolls ou cavalos, de acordo com a campanha em andamento. E é isso! Não há como elogiar a complexidade da jogabilidade pelo simples fato que não há complexidade nenhuma. O gamer deve sempre pressionar sempre a mesma seqüência de botões, não interessa a classe controlada.
Mesmo com as pequenas variações entre classes, não é possível se divertir com Conquest por um longo período de tempo. A experiência é intensamente redundante até mesmo com os heróis, que não são apenas representantes das classes tradicionais com força e resistência triplicadas.A jogabilidade, portanto, funciona bem, mas foi colocada no game de forma muito pobre. Nem os jogadores mais criativos conseguiram criar várias possibilidades de combinações fortes dentro do modo multiplayer. São poucas as interações inteligentes que ocorrem entre as classes para o sucesso nos objetivos.
Nem o fantástico universo de O Senhor dos Anéis é capaz de salvar a jogabilidade insossa. As grandes batalhas reproduzidas diretamente dos filmes são retratadas com uma fidelidade razoável, mas nem de longe apresentam a magnitude que Peter Jackson atingiu. Isso ocorre até mesmo porque o jogador participa de uma parte mínima dos embates, por mais que os objetivos tentem cobrir a maior parte da área abordada.
Diversão por tempo curto, não importa o modo de jogoSim, é muito emocionante incorporar Legolas, o famoso elfo, e deitar Olifantes, mas isso acaba ficando repetitivo depois de um certo tempo. É aí que entra a facção do Mal, pois, de certa forma, é muito mais interessante conhecer as habilidades de um Balrog e exterminar vários hobbits e até mesmo Gimli nas Minas de Moria. Uma leve distorção da história original, mas muito mais intrigante.
O modo multiplayer com suporte a até 16 gamers é um dos potenciais de Conquest que deveriam ser explorados de forma muito mais profunda. Nesse caso, há três modos de jogo disponíveis: Team Deathmatch (pancadaria por times), Conquest (conquista de bases estratégicas) e Capture The One Ring (exatamente como o nome diz).
O nome do jogo foca naturalmente o modo Conquest, no qual os jogadores devem tomar pontos estratégicos no mapa e acumular a maior quantidade de pontos possível para a vitória. Os heróis aparecem assim que todas as bandeiras são tomadas. Ainda assim, a quantidade de estratégias que os gamers podem criar é muito limitada, visto que a jogabilidade não colabora nem um pouco.
Além disso, os jogadores brasileiros podem encontrar sérios problemas de atrasos na conexão. E isso, em games de ação, uso de magias e disparo de projéteis, é imperdoável. Mesmo jogando em salas com um ping "amarelo" (em teoria, aceitável), não há como obter o mesmo sucesso atingido por gamers que estão jogando em locais próximos ao local da criação da sala.
Nada inovador nos recursos técnicos
Como Conquest foi feito com forte direcionamento ao modo multiplayer, era de se esperar que os visuais gráficos fossem um tanto limitados. Ainda assim, mesmo no singleplayer, algumas animações não convencem nem um pouco e a profundidade dos cenários dificulta a execução do jogo em computadores com menor poder de processamento. E tudo que se localiza em regiões longes de onde o gamer se localiza é exibido de forma bastante pobre.
É claro que, em comparação com os consoles, os visuais estão um pouco melhores. Entretanto, os personagens não interagem de forma realista com as superfícies e a movimentação deixa a desejar (pois alguns personagens parecem flutuar no ar). O sistema de câmera peca em vários sentidos e os pequenos clipes extraídos dos longas-metragens são exibidos de forma estranha, levando em consideração que o fundo é ocupado pelos mapas da Terra-média.
Os sons têm uma qualidade boa, mas o trabalho de vozes poderia ser várias vezes melhor. Hugo Weaving faz um desempenho razoável, mas não salva o restante da ambientação sonora, pois Aragorn e Gandalf falam com uma superficialidade tremenda.
Enfim, The Lord of the Rings: Conquest é recomendado apenas para quem precisa conferir todos os títulos embasados na história maravilhosa de J.R.R. Tolkien. Não há nenhuma grande atração nessa tentativa frustrada da Pandemic Studios e da Electronic Arts em reproduzir O Senhor dos Anéis com a fórmula de Battlefront.
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