Guitar Hero: Metallica

Postado por l. a. Neuhaus 13 maio 2009



Entre os adoradores de heavy metal, o Metallica tem status de mito. O grupo surgiu no começo da década de 80, e assombrou os fãs com canções rápidas, pesadas e furiosas, gênero que viria a ser denominado thrash metal devido a sua agressividade, uma verdadeira "porrada na orelha". No entanto, ao longo dos quase 30 anos de carreira, já protagonizou várias polêmicas.

O Metallica do começo de carreira era orgulhoso de ser "underground", avesso a mídia e a tudo que cheirasse comercial. A banda capturou o espírito dos fãs com álbuns lendários, caso de "Master of Puppets", de 1986, tido como um dos mais influentes discos de heavy metal de todos os tempos. O ponto de virada para alcançar o público "mainstream" se deu a partir "... And Justice for All" - foi quando o grupo gravou seu primeiro videoclipe - e foi sedimentado com o "álbum preto", que chegou a primeiro lugar da Billboard. Como era de se esperar, não faltou fãs acusando-os de se "vender ao sistema".

É esse grupo, com tudo que ele representa, que estrela "Guitar Hero Metallica". Esse é o resultado da evolução de uma banda que aprendeu a lidar com as possibilidades da tecnologia. Antes, eles lançaram "Death Magnetic", seu mais recente álbum, simultaneamente em CD e em faixas para "Guitar Hero World Tour", fato inédito para um jogo musical. Até então, o Metallica era uma pária da internet, por ter processado o Napster, a mãe de todos os sistemas de compartilhamento de arquivos.

Todo peso do metal

Em resumo, "Guitar Hero: Metallica" é um "Guitar Hero: World Tour" "customizado", que em todos os aspectos remetem ao grupo, dos menus aos extras, passando, obviamente, pela trilha sonora. Está aqui a mesma mecânica de jogo, de seguir guias de ritmo que aparecem na tela usando controles que imitam instrumentos musicais. O game aceita até quatro jogadores, cada um no comando de uma parte: guitarra, baixo, bateria e voz.

O título não economiza em "fan service". Por todas as partes que se olhe, há desenhos e cenários que fazem parte da história da banda. Existe um fato material de imagens e vídeos, mostrando cenas raras do quarteto, como o histórico show na Rússia, ou sua volta a uma dessas casas de show modestas do início da carreira. No entanto, o ponto alto fica para os Metallifacts, em que mostra curiosidades - algumas realmente interessantes - sobre cada canção da banda.

Em última instância, o que define a qualidade de um jogo desse tipo é o repertório e o quão divertido é tocar as canções. O primeiro quesito é algo estritamente pessoal, mas se você é fã do grupo, principalmente da época dos cinco primeiros discos, as chances são de amar grande parte das 28 canções do Metallica aqui presentes. Estão na trilha sonora algumas das mais consagradas faixas da banda, casos de "Whiplash", "Fade to Black", "Master of Puppets", "Welcome Home (Sanitarium)" e "Enter Sandman". É possível também adicionar faixas de "Death Magnetic", através de download (só nas versões para Xbox 360 e PlayStation 3) - no entanto, essas são as únicas canções que podem ser baixadas nessa edição do game.

"Guitar Hero: Metallica" também passa com louvor no teste da diversão. Tanto as canções do quarteto como as das bandas convidadas são consistentes e prazerosas de tocar. O ponto alto é a variedade rítmica: há trechos intrincados, mudanças bruscas de ritmo e partes de pura marretada sonora. A plenitude acontece na dificuldade Expert +, exclusivo para a bateria, que, usando dois pedais, simplesmente todas as notas de bumbo precisam ser tocadas. E, em se tratando de Metallica, isso beira o insano.

Fritando as cordas

Em geral, o game mais desafiador que um "World Tour", por exemplo. Aqui, não há nenhuma canção ridiculamente simples, mas não é um salto tão grande que impeça jogadores inexperientes de apreciar o título. Primeiro, existem níveis de dificuldade realmente baixos - como o "beginner" - e, depois, o sistema de progressão na carreira é bem generoso, sendo possível chegar ao final tocando menos da metade do repertório. Ou seja, evita-se aquela situação em que uma ou duas músicas difíceis impeçam avançar no jogo. O título traz praticamente todas as funcionalidades de "Guitar Hero: World Tour", como o multiplayer online e o estúdio de criação (com novos timbres de instrumento).

"Guitar Hero: Metallica" também compartilha com "World Tour" os mesmos pontos fracos. O primeiro é um modo de carreira que beira o tosco de tão simples. E, depois, não dá para entender por que as canções disponíveis para "World Tour" não podem ser usadas no game. Ou por que as canções contidas em um game não podem ser transferidas para o outro. Nesse ponto, o rival "Rock Band" dá show.

A produção é caprichada. O time da Neversoft conseguiu achar um estilo interessante para reproduzir os avatares de James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammet e Robert Trujillo, além de integrantes de outras bandas, como o Motörhead. O tom de caricatura não destoa com outros personagens clássicos da série, como Axel Steel e Casey Lynch. O jogador também pode montar seu próprio rock star.

As animações também estão muito mais naturais, graças às sessões de captura de movimentos, em que os próprios músicos atuaram para dar essa expressão corporal aos avatares (um dos vídeos mostra essa parte do processo). Os palcos são um show a parte: em um deles é reproduzida a capa de "Master of Puppets", com duas grandes mãos sobre um cemitério. Sonoramente, as gravações estão perfeitas, cristalinas e poderosas. Como se sabe, as mixagens de "Death Magnetic" em "Guitar Hero" se confirmaram melhores que as do próprio disco da banda.

UOL Jogos






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