Dos mesmos produtores de Call of Duty: Finest Hour, surge agora Legendary, uma aventura de proporções épicas com vários elementos lendários.
O jogo conta a história de Charles Deckard, um ladrão que, ao roubar a caixa de Pandora, acidentalmente põe em liberdade hordas de criaturas míticas (como grifos e lobisomens) criando um verdadeiro pandemônio, que ele mesmo será responsável por controlar. Inicia-se uma verdadeira guerra entre homem e mito. Paralelamente, há também a ação de sociedades secretas... Que contribuem apenas para complicar ainda mais a situação.
No decorrer do jogo, várias localidades e monumentos reais (reproduzidos em alta definição) podem ser encontrados. Boa parte resumindo-se a pouco mais do que escombros graças a ação dos titãs.
Uma boa opção para fãs de FPS (tiro em primeira pessoa) e cenários apocalípticos.
Caixa de Pandora
Há alguma coisa muito errada quando você percebe que o a história de um jogo, que provavelmente seria apresentada em algum vídeo ou trecho animado antes do início da partida, se resume a algumas telas desenhadas à mão com uma narração robótica ao fundo. É assim que o roteiro de "Legendary" é despejado para o jogador, através de uma opção no menu principal, revelando de maneira rápida e sem a menor idéia de como construir personagens o pano de fundo da aventura.
O protagonista é o sofisticado ladrão Charles Deckard, contratado por uma misteriosa organização secreta chamada Black Order para invadir o Museu de Nova York para roubar uma relíquia recém-descoberta. O sujeito não sabe, mas o objeto é a mítica Caixa de Pandora, que na mitologia grega é uma urna que pode liberar todos os males contra a humanidade. E, como não poderia deixar de acontecer, o artefato acaba sendo utilizado por engano, libertando uma horda de monstros bizarros por toda a cidade.
Durante o processo, Deckard acaba ganhando uma marca sobrenatural em uma das mãos, e passa a ser capaz de absorver a energia das tais criaturas, chamada de Animus. Com isto, ele pode lançar raios ou recuperar sua própria energia, enquanto tenta encontrar uma maneira para sair vivo desta bagunça e impedir que a Black Order destrua o resto do planeta com o poder da Caixa.
É um princípio bem interessante, mas que não consegue ser explorado como deveria. Além da abertura paupérrima, a narrativa nunca faz a menor questão de desenvolver o protagonista ou sua parceira Vivian, que o orienta através de um PDA, ou criar situações de suspense convincentes. O máximo que conseguem é copiar cenas de filmes como "Independence Day" ou "Cloverfield", só que sem menos impacto ou supresa. Isto sem contar a verdadeira convulsão de estilos que acaba misturando lendas de várias culturas diferentes sem muito nexo, apenas porque alguém deve ter achado legal colocar em grifos, lobisomens, golems e dragões de fogo em uma mesma aventura.
Caminhos traçados
Se a ação e a mecânica de "Legendary" ainda fossem divertidas o bastante para nos distrair das falhas do roteiro, tudo bem, mas isto passa longe de acontecer. Fora os poderes da energia Animus, o jogo se comporta como um jogo de tiro genérico, com armas simplórias e desinteressantes, sem nenhuma outra característica especial. No máximo há algumas passagens que requerem que você abra válvulas para apagar incêndios ou abra portas eletrônicas criando um curto-circuito no painel; tarefas que não requerem o toque de mais que um botão.
E, nas seqüências que deveriam ser mais eletrizantes, em que você espera que monstros interajam com o cenário, por exemplo, para abrir um buraco em uma parede para que possa atravessar, as coisas pioram ainda mais. Como há muitas situações assim, não há liberdade para que você encontre seu próprio caminho, te forçando a seguir o trajeto determinado pelos desenvolvedores - chega a ser vergonhoso, entre outros casos, ver uma chuva de estilhaços que cai de um prédio cair de maneira perfeitamente alinhada no chão apenas para servir de corredor para o protagonista.
Recursos desperdiçados
A apresentação de "Legendary" também é dura de engolir, em especial porque desperdiça o poderoso motor gráfico Unreal Engine 3, o mesmo de "Gears of War". Mesmo com esta moderníssima ferramenta, a equipe da Spark conseguiu lançar um jogo que mais parece um título de PC de cinco anos atrás. Os modelos são pobres e terrivelmente animados, os cenários são enfadonhos, sem detalhes e com texturas lisas e borradas, e os mapas reaproveitam elementos como esgotos, trilhos de trem, escombros e corredores genéricos à exaustão.
Até mesmo o multiplayer consegue ser apático. E olha que não é algo fácil quando se cria um esquema de times que têm poderes especiais e devem lutar contra exércitos de lobisomens. Mas com apenas quatro mapas e com graves problemas de conexão, é preciso ter muita sorte para encontrar alguém para jogar.
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