"Ape Escape" surgiu pela primeira vez no PSOne, com o intuito de explorar o controle Dual Shock, que trazia dois direcionais analógicos e é a base do joypad do PlayStation 2. Sendo assim, os controles do hilário game se concentravam nos direcionais, e acabou criando novas perspectivas em relação aos comandos de um game de ação. É como se a Sony tivesse dado um exemplo de como usar o novo acessório.
Agora, mais de seis anos depois, "Ape Escape" já é uma franquia estabelecida, com várias versões para PlayStation 2 e PSP. A edição de número três se mantém fiel ao seu estilo, apenas trazendo novos equipamentos e mais macaquinhos para capturar. E ainda tem fôlego para fazer divertir com sua simplicidade.
Macacos me mordam
"Ape Escape 3" é um jogo de ação cujo objetivo é capturar macacos, com um estilo leve, visual pop e muito humor. Mas não se trata de símios quaisquer. São espécies que tiveram sua inteligência aumentada através de um capacete especial, que traz uma sirene como a da polícia.
Agora, o vilão de toda a série, Spectrer, se junta ao cientista Tomoki para dominar os humanos. O plano mirabolante desta vez, que parece ter saído de algum episódio do desenho "Pinky e Cérebro", foi usar programas de TV para hipnotizar a raça humana. Até mesmo os heróis do passado acabaram vegetando diante da telinha.
Apenas algumas pessoas escaparam do transe coletivo, entre eles, Kei e Yumi, que, por "coincidência", são os protagonistas do presente episódio. Não há nenhuma diferença entre escolher o menino ou a menina, a não ser cosméticas. Como eles são novatos na profissão de pegar macacos, a sua tia assume o papel de instrutora através de um telefone celular.
A evolução do jogo é extremamente didática. A cada nova fase, um novo equipamento é apresentado, com a opção de passar por um treinamento específico. No começo, apenas a rede, que é usada para capturar os bichanos, e um brinquedo que parece uma espada laser estão disponíveis.
Para usar esses objetos, basta mover a alavanca direita para a direção em que se quer usar o item. Os primeiros símios são fáceis de pegar: são lentos e dóceis. Mas, naturalmente, a dificuldade sobe progressivamente. Ficam mais velozes, agressivos e até mesmo rouba seu equipamento para usar contra você. Já a espada serve para derrotar a maioria dos inimigos e quebrar objetos, como caixas. Além disso, ativam interruptores e abrem certos armários.
Além deles, há uma série de outros "aparatos", como bambolês, estilingues e carrinhos de controle remoto. Cada um deles tem várias utilidades, entre atacar oponentes e servir para ultrapassar os obstáculos. Existe também um radar que procura os macacos e permite enxergá-los de longe.
Planeta dos macacos
O deslocamento é típico de um jogo de ação em 3D, mas como o direcional direito é usado para as ações, o controle da câmera ficam nos botões L1 e L2. Enquanto o primeiro serve para centralizar a visão, o segundo botão ativa a modalidade de primeira pessoa, permitindo enxergar tudo que está a sua volta.
Algumas fases também têm veículos, cujo controle varia bastante entre um e outro. O carro de corrida, por exemplo, acelera e freia com o direcional direito. Já o robô, o barco e o tanque lembram o controle de "Katamari Damacy". Nesse caso, para ir para frente ou para trás, é preciso colocar os dois direcionais para o mesmo lado.
Mas a grande novidade desta edição é o sistema de transformação. Agora, os heróis podem assumir várias formas diferentes, como o de um ninja ou um pistoleiro. Com isso, eles ganham novas habilidades e mais poder ofensivo diante dos inimigos. Ainda, cada uma das metamorfoses tem uma ação específica para capturar os macacos, com eficiência variada. O único problema é que isso não dura muito tempo: apenas 30 segundos. Mas há itens que esticam o tempo.
Cada uma das fases faz referência a um filme, com temáticas variadas. Dramas, comédias, faroeste, ação, ficção científica, todos os gêneros foram contemplados com paródias bem sacadas. Além disso, os 400 macacos - sim, quatrocentos - existentes no game esbanjam personalidade.
Astronautas, casais românticos, super-heróis, pistoleiros, eles aparecem em diversos trajes. Há os que ficam escondidos, sendo necessário quebrar caixas ou acionar um dispositivo para revelá-los. Alguns são realmente espertos, com destreza para desviar de seus golpes ou até mesmo escapando depois de presos na rede. Enfim, é preciso não se desconcentrar até que o processo esteja completo.
A cada quatro estágios surgem chefes durões. Eles são primatas com roupas típicas de heróis como os Power Rangers, a bordo de máquinas mirabolantes. Nessas horas, escolher a transformação certa é a diferença entre o sucesso e o fracasso da missão.
Algumas fases podem ser bastante amplas, com muitos bichos para coletar. Mas não é preciso pegar todos eles. Existe uma cota específica para cada fase, bastando capturar cerca de 80% deles. Depois de conseguir atingir o objetivo, o jogador é retirado compulsoriamente da fase, o que quer dizer que é preciso jogar os estágios pelo menos duas vezes para completar a lista. Ou seja, é uma estratégia barata para inflar artificialmente a duração do game.
Solid Símio em ação
Toda a tradição de extras para liberar continuam em "Ape Escape 3". Com as moedas obtidas nas fases é possível comprar todos esses recursos, como músicas e filmes hilários. Há até modos de horóscopo. Mas o melhor dos extras são os minigames.
Um deles é especialmente hilário, fruto de uma colaboração com o time de Hideo Kojima, o criador de "Metal Gear Solid". Para quem não lembra, "Metal Gear Solid 3" trazia uma homenagem a "Ape Escape", uma modalidade chamada "Snake vs Ape", que colocava o herói Solid Snake na cola dos símios.
Agora, é a vez de "Ape Escape" retribuir o carinho. No modo "Mesal Gear Solid" - o trocadilho é com a palavra japonesa "saru", que significa macaco -, um dos primatas recebe a habilidade do agente da Konami, e é colocado numa missão de infiltração, como o objetivo de destruir o robô Metal Gear e salvar Solid Snake. Mas, aqui, tudo é recheado com muito humor.
Sendo um game calcado no humor, os cenários são estilizados. A simplicidade dos cenários parece tanto uma escolha artística como uma certa preguiça em fazer algo um pouco mais elaborado. Mas os personagens conseguem apagar toda essa má impressão. Eles têm jeitão de desenho animado, com movimentos exagerados e cheios de energia.
Mas quem rouba a cena são os inúmeros macaquinhos, cada um mais divertido que o outro. Eles estão em todos os lugares: pilotando carros de corrida, dirigindo filmes e apresentando shows de perguntas e respostas. E os pequenos filmes que podem ser produzidos ao longo do game trazem mais um pouco do charme desses bichinhos. Os efeitos visuais imitam os de um desenho animado.
A trilha musical segue a mesma linha hilária. Apesar de não chegar aos pés do sublime "Katamari Damacy", alguma das composições partilha um pouco do estilo e da qualidade do novo clássico da Namco. Mas a maioria está apenas para dar suporte à ação. Os efeitos sonoros são básicos e as dublagens, decentes.
Cada videogame tem o primata que merece
"Ape Escape 3" não representa nenhuma mudança radical em relação aos seus antecessores, apenas uma atualização típica para justificar um novo número depois do título. As transformações trouxeram um pouco mais de variedade neste que é um dos títulos mais casuais da Sony. Ainda consegue divertir, mas também já mostra sinais de cansaço, um alerta de que é preciso pensar em algo além de pequenos ajustes na próxima vez.
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